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Não há dúvidas ou controvérsias
de que todos os coelhos domésticos descendem do coelho selvagem europeu
(Lepus cunicullus). Basta fazermos um comparação e veremos que não há
diferenças apreciáveis entre eles. tanto nas suas formas, fisiologia ou
hereditariedade, exceto quanto ao caráter calmo do doméstico e o arisco
do selvagem. É fato
conhecido que, se soltarmos coelhos domésticos nos campos, eles logo se
tornarão selvagens, enquanto que, se prendermos alguns filhotes de
coelhos selvagens, eles ficam mansos e fáceis de domesticar, mas
conservando uma grande tendência ao retorno à vida selvagem. Nenhum
outro anima, com exceção talvez do cachorro sofreu, durante seu processo
de domesticação, tantas transformações como os coelhos.
Do coelho selvagem europeu,
foi obtido um grande número de raças de diversas cores e pesos, chegando
os coelhos Gigantes de Flandres a atingirem mais de 9 kg, o que
representa 5 vezes mais do que o peso do coelho selvagem. Além disso,
sofreu profundas modificações na cor do manto, na cor dos olhos e no
comprimento do pelo e das orelhas.
Já 2.500 anos antes da era
cristã, segundo Charles Darwin, Confúcio, o grande sábio chinês, se
referia à existência do coelho na China. A maioria dos autores considera
o coelho como originário da península Ibérica, da Espanha, embora outros
julguem o seu berço a África e ainda outros, o sul da Europa. Os que
consideram a África o berço do coelho, acham que daí é que ele passou
para a Europa.
Existem, espalhados nas
regiões montanhosas da Arábia, Síria e Palestina, um animal muito
parecido com o coelho e conhecido por "SPHAN", o que provavelmente levou
os fenícios a denominarem "SPHANIA", que significa costa dos coelhos, à
região em que desembarcaram, hoje ESPANHA, pois aí encontraram grandes
quantidades desses animais que eles confundiram com aquele roedor do
Oriente. Também de "Cuniculosa" foi chamada a Hispani, por Estrabão, o
grande geógrafo grego, o qual menciona que os coelhos ali se
multiplicavam tão rapidamente que se tornaram um perigo para os seus
habitantes.
Plínio afirma que os coelhos,
partindo de Tarragosa, se espalharam pelas ilhas do mar Mediterrâneo e
que, na ilha Minorca se reproduziram tanto, que os seus moradores
tiveram que pedir ao imperador romano Augusto, que enviasse seus
legionários para combaterem o perigo que representavam esses pequenos
animais. Das ilhas Baleares, segundo Ayala, os coelhos se disseminaram
pelos países mediterrâneos e daí pela Europa Central e do Norte. Na
Inglaterra, segundo Brehn, o coelho foi introduzido no ano de 1.309, por
entusiastas da caça.
Os antigos egípcios, gregos,
indus e chineses já criavam coelhos, segundo revelam documentos dos
séculos XVIII E XIX. Na China, simbolizando a fecundidade, em 1.600
templos, eram sacrificados mais de 30.000 coelhos, na primavera, para
pedir aos deuses que a terra fosse fecunda como esses animais e no
outono, em agradecimento pelo que a terra havia produzido.
Atualmente, os coelhos se
encontram espalhados por todos os continentes. A grande capacidade que
tem de se reproduzirem, isto é, a sua prolificidade, reconhecida desde a
antiguidade, é a principal característica, sendo mesmo a qualidade que
os torna um dos animais domésticos cuja criação poderá atingir um
desenvolvimento incalculável, produzindo em pouco tempo, grandes
quantidades de alimentos, abrigos e bons lucros aos criadores.
Os coelhos, como já
mencionamos, tem sua origem na Europa. Levados para a Austrália, não
encontraram aí inimigos naturais e sim boas condições de clima e
alimentação variada e abundante, multiplicaram-se tanto e tão
rapidamente que se tornaram uma terrível praga, um problema de
calamidade pública até agora insolúvel, pois causam grandes prejuízos
aquele país, devastando suas pastagens e plantações. Hoje em dia, é
calculado em 500 milhões o número de coelhos existentes nesse país. A
tal ponto chegou a situação que, para o país não ser todo invadido pela
praga dos coelhos, foi construída uma cerca de tala de arame de 2 metros
de altura e com 2.240 km de extensão, dividindo o país em duas partes,
uma das quais dominada por esses pequenos animais. todos os métodos de
combate e extermínio já foram tentados mas sem resultados satisfatórios,
contra essa qualidade dos coelhos, a prolificidade, que os tornou uma
praga na Austrália. O mesmo já está começando a ocorrer no sul da
Argentina e do Chile.
autor MÁRCIO INFANTE VIEIRA |
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